Mova-te
Olhou no celular e já eram três e quinze da manhã, sabia que
lá pelas seis antes de se levantar, aquela sensação lhe invadiria novamente
como de costume.
O sujeito era escravo de suas indecisões, um procrastinador nato.
Sua estagnação e falta de assertividade faziam da vida uma cobradora cruel.
E foi assim, deram seis horas e aquela tal sensação o cutucou.
Aquela mulher invadiu-lhe a mente fazendo-o quase parar de respirar.
- Por quê? – Era o que se perguntava sempre. Deu um profundo
suspiro tentando exorcizar todos os devaneios da madrugada e se pôs de pé.
Encarou o rosto no espelho do banheiro tentando achar algum resquício de determinação, entusiasmo ou algo que servisse de combustível, mas o que encontrou mesmo foram remelas.
Fernanda já o esperava sobre a bancada fitando-o com aqueles olhos azuis vesgos e arregalados. Deu um miado de bom dia roçando a cabeça em suas mãos.
-Bora encarar um banho Fernandinha? - Num pinote a bicha saiu zinindo indo logo arranhar o tapete do quarto como dizendo - Sai fora! - E ele, com os olhos meio serrados esboçou algo que de longe poderia ser um sorriso.
Sob a água quente e relaxante do chuveiro Guilherme esfregava o rosto. Fazia isso de forma vagarosa e repedidas vezes numa espécie de mantra. Em sua mente imagens se formavam um tanto desconexas mas que ao mesmo tempo davam sentido a tudo.
Fleches se replicavam até que sintonizou em uma tarde de inverno em Itaipava, num jardim de grama bem aparada cercado de hortênsias e buganvileas. Estavam lá, sentados em um balanço deliciosamente almofadado juntos a muitos cachecóis e um bom vinho.
A mistura do cheiro e sabores do lugar eram canalizados para o hálito daquela criatura que ao exala-los através de sussurros o deixava totalmente derrotado, desarmado, vencido. Uma guerra perdida em que os espólios não dariam conta de pagar. Terra arrasada.
Ao terminar de se vestir deu a última olhada no espelho, desta vez no quarto, e pôde perceber o reflexo do porta retrato ainda na estante. Quantos resquícios ainda haveriam? O ambiente persistia contaminado por lembranças, sensações, detalhes como fios de cabelo abandonados nas almofadas do sofá.
Algumas borrifadas de Acqua de Gio, foi para à cozinha e ficou indeciso na escolha de qual cápsula de Nespresso tomar. Pegou a de baunilha.
Carteira e as chaves na mão, mirou naqueles olhos cor do céu de Fernanda, sim porque ela se ressente quando não há uma despedida, mesmo que silenciosa, e bateu a porta.
Às oito da manhã de uma sexta feira típica o trânsito já estava insuportável, o anda e pára de sempre. Meninos colocando balinhas nos retrovisores - Deus te abençoe tio!
Guilherme, sabedor do quanto aquele trajeto levaria do seu tempo, regulou o ar condicionado e escolheu Diana Krall como companhia.
Encarou o rosto no espelho do banheiro tentando achar algum resquício de determinação, entusiasmo ou algo que servisse de combustível, mas o que encontrou mesmo foram remelas.
Fernanda já o esperava sobre a bancada fitando-o com aqueles olhos azuis vesgos e arregalados. Deu um miado de bom dia roçando a cabeça em suas mãos.
-Bora encarar um banho Fernandinha? - Num pinote a bicha saiu zinindo indo logo arranhar o tapete do quarto como dizendo - Sai fora! - E ele, com os olhos meio serrados esboçou algo que de longe poderia ser um sorriso.
Sob a água quente e relaxante do chuveiro Guilherme esfregava o rosto. Fazia isso de forma vagarosa e repedidas vezes numa espécie de mantra. Em sua mente imagens se formavam um tanto desconexas mas que ao mesmo tempo davam sentido a tudo.
Fleches se replicavam até que sintonizou em uma tarde de inverno em Itaipava, num jardim de grama bem aparada cercado de hortênsias e buganvileas. Estavam lá, sentados em um balanço deliciosamente almofadado juntos a muitos cachecóis e um bom vinho.
A mistura do cheiro e sabores do lugar eram canalizados para o hálito daquela criatura que ao exala-los através de sussurros o deixava totalmente derrotado, desarmado, vencido. Uma guerra perdida em que os espólios não dariam conta de pagar. Terra arrasada.
Ao terminar de se vestir deu a última olhada no espelho, desta vez no quarto, e pôde perceber o reflexo do porta retrato ainda na estante. Quantos resquícios ainda haveriam? O ambiente persistia contaminado por lembranças, sensações, detalhes como fios de cabelo abandonados nas almofadas do sofá.
Algumas borrifadas de Acqua de Gio, foi para à cozinha e ficou indeciso na escolha de qual cápsula de Nespresso tomar. Pegou a de baunilha.
Carteira e as chaves na mão, mirou naqueles olhos cor do céu de Fernanda, sim porque ela se ressente quando não há uma despedida, mesmo que silenciosa, e bateu a porta.
Às oito da manhã de uma sexta feira típica o trânsito já estava insuportável, o anda e pára de sempre. Meninos colocando balinhas nos retrovisores - Deus te abençoe tio!
Guilherme, sabedor do quanto aquele trajeto levaria do seu tempo, regulou o ar condicionado e escolheu Diana Krall como companhia.
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